domingo, 20 de janeiro de 2008

REESTRUTURAÇÃO DOS MERCADOS ELÉCTRICOS VERSUS PREÇO DA ENERGIA ELÉCTRICA

Não é hoje possível falar de mercados eléctricos sem abordar a problemática associada à reestruturação/privatização [1] do sector eléctrico, que preocupa de forma generalizada todos os países do mundo, embora se encontrem em fases diferentes de evolução e se debatam com problemas diversos e distintos, inerentes à especificidade de cada mercado e à complexidade das muitas variáveis e restrições em presença e estejam a analisar, discutir, conceber, implementar ou testar modelos que normalmente carecem de reajustes à medida que vão sendo explorados e conhecidos os resultados da sua aplicação prática.

Apontam-se como principais benefícios da reestruturação dos mercados da electricidade [2], aumentar a competitividade das empresas eléctricas e o número de agentes envolvidos no sector
eléctrico, reforçar a segurança do abastecimento, incentivar a eficiência energética e o aproveitamento dos recursos renováveis, estimular a inovação tecnológica e organizacional, desenvolver as competências e know-how, isto tudo na perspectiva de melhor satisfazer as necessidades do consumidor final [3] e de lhe facultar melhores preços para a electricidade que consomem, tentando, também desta forma, responder às necessidades da sociedade actual.

O Chile foi o país pioneiro na reestruturação de mercados eléctricos, tendo iniciado em 1982 a transformação do seu sector eléctrico. A partir desta altura vários outros países, espalhados pelos diversos continentes, reconheceram a necessidade de desenvolver procedimentos de enquadramento dos seus sectores eléctricos nas actuais exigências de mercado, sendo que a energia eléctrica tem vindo a assumir características de produto susceptível de ser comercializado entre diversos agentes, mediante procedimentos mais ou menos tradicionais, sempre com o intuito de satisfazer as necessidades do consumidor final, tanto em qualidade como
em preço.

Se fizermos uma rápida reflexão sobre o que desde então, decorrido quase um quarto de século, se tem passado no mercado eléctrico nacional podemos concluir que alguma coisa se tem feito, nomeadamente no que confere à qualidade do produto energia eléctrica. No entanto, muito pouco há a registar na perspectiva de facultar ao consumidor doméstico a possibilidade de escolher o preço e o fornecedor da energia eléctrica que consome. Onde está o aumento dos agentes envolvidos e o reforço da competitividade das empresas do sector eléctrico português?

Porque foi o Chile o país pioneiro das reestruturações dos mercados eléctricos, deixo aqui um trabalho de investigação sobre o mercado eléctrico da América Latina que poderá servir para o caro leitor tirar as suas ilações.

REFERÊNCIAS
[1] J. Tomé Saraiva, Reestruturação do Sector Eléctrico – Experiências e Desafios, 3º Encontro Nacional do Colégio de Engenharia Electrotécnica, Ordem dos Engenheiros, Porto, Junho de 1997, pp. 245-247.

[2] José P. Sucena Paiva e José M. Ferreira de Jesus, Mercado Ibérico de Electricidade – Comentários ao Documento de Discussão CNE-ERSE de Dezembro 2001, Instituto Superior Técnico, Janeiro 2002, p. 1.

[3] Manuel A. Matos, J. Peças Lopes, J. Tomé Saraiva e Mª T. Ponce Leão, Mercado Ibérico de Electricidade – Comentários ao Documento de Discussão CNE-ERSE de Dezembro 2001, INESCPORTO e FEUP, Janeiro 2002, p. 8.

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado por este maravilhoso post.Admiring o tempo e esforço que colocou em seu blog e informações detalhadas que você oferece.