segunda-feira, 17 de março de 2008

SER ENGENHEIRO

Descrição Profissional de Engenheiro (Segundo o dossier IEFP)

Os Profissionais da Engenharia

Para o desempenho da sua actividade, o profissional de Engenharia necessita de uma sólida formação científica e técnica de base, multidisciplinar, que responda à grande diversidade de problemas que se lhe deparam, numa sociedade em constante mutação, onde a actualização permanente constitui uma necessidade.


Um profissional de Engenharia empenhado e actuante é, assim, o garante do processo técnico que a sociedade procura, assegurando a modernização do tecido industrial, a renovação dos produtos obsoletos, o abastecimento das populações, criando riqueza e postos de trabalho, progresso e bem-estar social.


O profissional de Engenharia estuda as leis da natureza, na perspectiva das suas aplicações e no sentido de permitir a concretização de realizações que melhorem o conforto e a qualidade de vida das populações, usando todos os meios naturais disponíveis, incluindo os vivos.


O exercício da actividade pressupõe que o profissional de Engenharia consiga os seus objectivos de uma forma económica e racionalizada, sem desperdícios, e tendo em vista a harmonia das condições ambientais, de forma a conseguir um desenvolvimento equilibrado, sem afectar o equilíbrio natural mais adequado para a sobrevivência e bem-estar da Humanidade.


Até à implementação do Processo de Bolonha, há dois tipos de formação para os profissionais de Engenharia : cursos longos, de cinco anos, para os licenciados, e cursos curtos, de três anos, para os bacharéis.


A Formação do Raciocínio

A formação do profissional de Engenharia envolve o estudo e a aplicação de Matemática aos modelos físicos, químicos e biológicos, adaptados às realidades do mundo que nos envolve.
Nem sempre todos os profissionais de Engenharia têm oportunidade de exercitar o seu raciocínio matemático, nem disponibilidade de se dedicarem ao desenvolvimento de técnicas próprias aplicáveis aos problemas do dia-a-dia. Porém, é essencial ao profissional de Engenharia , em qualquer período da sua actividade, manter o interesse pelo conhecimento dos modelos e técnicas que interpretam as leis naturais, ainda que criados e desenvolvidos por outros. Para além dos conhecimentos da Matemática e da Física é fundamental para o profissional de Engenharia assumir-se como tal, mantendo a capacidade de raciocinar de uma forma lógica e estruturada, definindo pressupostos, estabelecendo etapas, tirando conclusões numericamente fundamentadas, e avaliando criticamente os resultados obtidos.


O que é ser Engenheiro

As licenciaturas em Engenharia são cursos superiores de cinco anos, muitos deles ministrados em Universidades e constituem a formação obrigatória para os Engenheiros.
De acordo com os Estatutos da sua Ordem Profissional, o Engenheiro tem de ser titular de uma Licenciatura, ou equivalente legal, em curso de Engenharia, ocupando-se da aplicação das ciências e técnicas respeitantes aos diversos ramos de Engenharia (Agronómica, Ambiente, Civil, Electrotécnica, Geográfica, Informática, Mecânica, Metalúrgica e Materiais, Minas, Naval, Química e Silvícola).

O licenciado em Engenharia só é engenheiro depois de estar obrigatoriamente inscrito na Ordem dos Engenheiros, o que quer dizer que não bastam habilitações académicas para se ser titular da qualificação profissional de engenheiro.


Para se inscrever na Ordem dos Engenheiros, o licenciado em Engenharia terá de fazer exame de admissão, podendo ser dispensado, se for oriundo de um curso acreditado pela Ordem, após o que terá de realizar um estágio profissionalizante.
O Engenheiro tem um código ético e deontológico de actuação, isto é, tem de subordinar a sua actividade a um conjunto de preceitos definidos pela sua Ordem, onde estão registadas as normas de conduta; a desobediência a este código pode provocar a suspensão do exercício da actividade profissional, após a instauração de um processo disciplinar pela Ordem.
Este código destina-se a identificar os direitos e deveres do Engenheiro para com a sua Associação Profissional e, no exercício da actividade profissional, assegurar que o seu trabalho vise o bem da sociedade e que as relações entre profissionais se orientem na defesa, prestígio e unidade dos Engenheiros.



O que é ser Engenheiro Técnico

Ser Engenheiro Técnico é ser titular de um curso de ensino superior, com a duração de três anos, ao qual é atribuído a grau de bacharelato.
A actividade profissional dos Engenheiros Técnicos é regulamentada pela ANET (Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos).


O que fazem

Os profissionais de Engenharia podem exercer actividades em gabinete (realizando estudos, cálculos e projectos), na fábrica ou oficina (gerindo e melhorando os métodos de fabrico), no laboratório (orientando o desenvolvimento de técnicas de análise), no campo (gerindo e melhorando a produção de animais ou plantas), variando o âmbito da sua actividade de acordo com as suas habilitações académicas, a sua capacidade pessoal, o tipo e a qualidade de formação que for recebendo ao longo da vida profissional.


O profissional de Engenharia necessita de ter uma grande preocupação de actualização profissional, dado que as ciências e as técnicas da Engenharia evoluem muito rapidamente ao longo dos tempos (em cerca de cem anos passou-se da máquina a vapor para a primeira viagem tripulada à Lua). Por outro lado, a sua condição de elemento responsável na estrutura das instituições exige-lhe características humanas e sensibilidade às questões sociais.


A profissão de “Engenharia” pode ser desenvolvida em diferentes actividades, nomeadamente, investigação, concepção, estudo, projecto, fabrico, construção, produção, fiscalização, controlo , incluindo a gestão dessas actividades e de outras com elas relacionadas.


A Engenharia é, também, uma forma de cultura, isto é, uma forma de pensamento extensível aos profissionais que a exercem e constitui uma herança científica e social da humanidade, que é transmitida aos novos membros desta comunidade profissional, assegurando a sua integração plena nas metodologias e técnicas da profissão.


Factores de Sucesso Profissional

A motivação de um profissional de Engenharia , isto é, o prazer que para ele representa o exercício da actividade, depende de factores intrínsecos à sua personalidade e está ligada à fixação de objectivos arrojados e à perseverança na ultrapassagem das barreiras que rodeiam esses mesmos objectivos, mobilizando o indivíduo na prossecução de tarefas complexas de uma forma persistente, por vezes com desinteresse pela satisfação de outras necessidades, normalmente as mais primárias.


A universalidade da linguagem científica permite assegurar, de uma forma inequívoca o diálogo e a comunicação entre todos os povos. Este facto é relevante por facilitar a transmissão do conhecimento do “saber como”, de geração em geração, nomeadamente aos mais novos, disponibilizando a sua utilização generalizada e assegurando a evolução técnica e científica, que só é conseguida a partir da consolidação dos conhecimentos adquiridos.


Isto pressupõe que um dos deveres de todo o profissional é a transmissão aos outros, de forma aberta, dos conhecimentos e experiência que possui. E isto deverá ser feito espontânea e naturalmente, numa permuta em que o prazer da comunicação deve dominar a relação dos intervenientes na sua troca de experiências, apresentadas de forma aberta e dialogante.


A identificação da vocação para a Engenharia está associada ao interesse, gosto e motivação para a matemática e a criação de modelos. O profissional de Engenharia terá, no entanto, de ser mais que um criador e modelos: tem de ser alguém com um espírito prático e com capacidade para interpretar e adaptar à realidade os modelos construídos.


Especialidades de engenharia (oe)

Mecânica

Abrange o projecto e a concepção de máquinas, equipamentos, instalações e sistemas mecânicos, quer se trate de bens de equipamento, quer se destinem ao sector metalúrgico e metalomecânico, quer ainda se destinem a outros sectores tais como os de geração de energia, sistemas de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração; a sua fabricação, montagem, reparação, manutenção e inspecção; a gestão integrada da produção; a consultoria nas áreas atrás referidas; a investigação de base e aplicada.

Ambiente

Estuda os problemas ambientais, de forma integrada, nas suas dimensões ecológica, social, económica e tecnológica, com vista a promover o desenvolvimento sustentável.
A abordagem ambiental pode ser específica (controlo da poluição, da água, do sol e do ar), ou multidisciplinar (estudo do impacto ambiental, auditorias ambientais).
Os domínios de actividade integram diagnóstico e avaliação de impactos ambientais, auditorias, sistemas de gestão ambiental, ecodesign, conservação da natureza, controlo de qualidade ambiental, planeamento energético e energias renováveis, poluição, ruídos, sistemas de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais, gestão e tratamento de resíduos sólidos.

Electrotécnica

Lida com os conceitos, fenómenos, sistemas e produtos directa e indirectamente ligados ao electromagnetismo e, assim, ao aproveitamento dos campos eléctrico e magnético, consubstanciado em sistemas e produtos de valor reconhecido pela sociedade, nomeadamente em áreas de Telecomunicações, Electrónica, Energia, Controlo, Computadores e Informática.
Esta especialidade engloba o estudo e a investigação de sistemas e aparelhagem eléctrica e electrónica de energia, em especial de instalações de energia eléctrica, tais como: centrais eléctricas, redes de transporte e distribuição, sistemas de iluminação, tracção eléctrica, etc; os planos das instalações de automação, controlo e instrumentação; os planos das instalações e dos equipamentos de telecomunicações.

Informática

A Engenharia Informática constitui um dos ramos mais recentes da Engenharia e envolve os dois seguintes aspectos: concepção e exploração de equipamentos informáticos e concepção e exploração de sistemas informáticos.
O desenvolvimento de equipamentos informáticos é feito com base na electrónica digital, complementada com matérias sobre sistemas lógicos, arquitectura de computadores e controlo. O desenvolvimento de sistemas informáticos está voltado para as linguagens de programação e para sistemas de processamento de grande volume de dados.
Comparado o ramo de engenharia informática com o ramo de electrotecnia/electrónica pode referir-se que, relativamente a esta, aquela tem menor abrangência quanto aos fenómenos electromagnéticos, preocupando-se, fundamentalmente, com a interligação dos “chips” (ou dispositivos elementares transitorizados de funções pré-determinadas) cuja montagem permite construir a arquitectura interna de um computador; poder-se-á dizer que o engenheiro electrotécnico constrói os “chips” e o engenheiro informático concebe o modelo da sua montagem.
É ainda vocação específica do engenheiro informático conceber programas que, residentes em permanência na memória do computador, ou carregáveis quando tal seja necessário, podem tratar dados ou comandar instalações e sistemas industriais.